Mas esboçado o balanço sobre a crónica de um mau mandato, deixamos a nossa convicção, em jeito de futurologia: tudo se conjuga para uma reeleição do actual presidente (ou, no caso que por vezes se sussurra como provável) de algum dos actuais vereadores em quem o partido deposita confiança! E que não chorem os críticos ou se indignem as oposições, porquanto, ao mau desempenho autárquica, juntamos um PSD perdido nas suas guerrilhas internas e um PS que parece desaparecido do combate, cujas escaramuças permitiram ao PCP conquistar na Câmara a maioria absoluta que o povo lhes negou nas urnas, incapazes de oferecer um projecto autárquico alternativo.
2. Admito que esta escolha possa causar alguma incredulidade, mas para personagens do ano, escolhe três meninas: Maddie, Esmeralda e Iara. Sobre o caso Maddie, já tanto dislate foi escrito, que recuso-me a somar a minha voz a todos os outros disparates que infelizmente conheceram a letra imprensa de jornais, revistas e livros ou encheram de “não noticias” centenas de horas em televisão, exibindo o lado mais abutre dos média, que sequiosos do sangue das audiências. Mas é axiomático que foi o facto do ano: mostrámos ao mundo toda a genuína emoção de um povo, que chorou e rezou o triste fado de uma miúda inglesa alegadamente raptada, para três meses depois, arrastados pelas certezas incertas dos jornais, condenarmos os pais na praça pública, numa réplica dos recentes Portugal-Inglaterra, corolário de uma época de futebolização da justiça, onde as partes têm não apenas advogados, mas também claques.
Mas este foi ainda o ano das famílias que agora chamam de afecto! Esmeralda e Iara (nomes que as famílias de acolhimento decidiram atribuir às miúdas, esquecendo que as jovens já tinham nome!) animaram discussões de café, fazendo-nos discutir e tomar partido entre as famílias biológicas e as que chamam de afecto, sem cuidar de saber os pormenores dos processos judiciais, excepto as versões que as partes injectam na opinião pública através de uma cobarde imprensa.
Tenho profundo respeito e admiração pelas famílias de acolhimento! Não escondo as minhas falhas e imperfeições, pelo que assumo que não teria coragem para durante meses ou mesmo anos receberer em casa uma criança, cria-la e educa-la, com a certeza de um dia ter de a devolver aos pais ou a outros que os Tribunais determinem. Pelo que faço a escolha consciente de não ter coragem para ser pai de acolhimento! Mas, aceitar receber estas crianças, ciente das “regras do jogo” e depois recusar a sua entrega, impedir que os pais tenham contactos com elas, diabolizar os progenitores, está muito longe da minha noção de afecto. E assumo-o no Natal: onde escondido em alegados afectos, milhares de jovens são privados de passar as festas com parte da família, porque um dos pais entende o seu afecto tem tamanha intensidade, que o seu amor é tão sublime, que os filhos dispensam a presença e amor do outro progenitor! Em nome dos afectos…
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